segunda-feira, março 16

Little Joy


Tanto para os fans de Los Hermanos e Strokes, o Little Joy correspondeu às expectativas de ambos os fans, pelo menos musicalmente falando. A idéia premeditada óbvia de como seria o som da banda, não deve ter causado nenhum espanto para ninguém. Nada que possa alcançar o marcante Is This It ou os grandes trabalhos dos Los Hermanos, embora esse álbum de estréia do L.J. seja mais interessante comparando com o último dos barbudos cariocas e dos sujinhos de Nova York.
O projeto conta com a presença do duo brasileiro Rodrigo Amarante e Fabrizio Moretti, também com a participação da musicista Binki Shampiro, de Los Angeles. Namorada de Moretti, a loirinha dá seu toque feminino com sua voz suave e agradável em canções como Unattainable e Don’t Watch me Dancing. A fusão Strokes e Los Hermanos são achadas em Keep Me In Mind e na humorada How To Hang A Warhol.
Outras musicas como Brand New Start, The Nex Time Around e a música de trabalho No One’s Better Sake, são belos arranjos com um ar de nostalgia, também numa espécie de low-fi ao modo brasileiro.
Cantada em Português por Amarante (a única faixa em português do álbum), Evaporar, fecha o álbum poética e melancolicamente.
O titulo Little Joy é auto-explicativo, um contentamento pequeno, porém melhor do que aquela choradeira sacal dos Los Hermanos 4.

quinta-feira, dezembro 25

Top 5 álbuns de 2008

Mais um ano chegando ao final e essa velha mania de listas. Um 2008 não muito diferente de 2007. Nesse ano poderia fazer até um top 10, pois ouvi mais coisas comparando com o ano passado, embora tenham certos tipos de álbuns que são apenas caprichos pessoais, então prefiro falar sobre os mais importantes. Lá vai:

1- Oasis - Dig Out Your Soul


2 - Raconteurs - Consolers Of The Lonely

3 - Kings Of Leon - Only By The Night
4 - The Last Shadow Puppets - The Age Of Understatement

5 - Supergrass - Diamon Hoo Ha



Vale destacar o belo disco do Kings Of Leon, que ao contrário do anterior, conseguiram mais coesão em Only By The Night. O Raconteurs também mostrou que um projeto paralelo pode ir além, assim como o Last Shadow Puppets, para alguns, melhor que o Arctic Monkeys. E ligando o "mode" antiquado, Oasis e Supergrass são melhores do que qualquer novidade indie que sai no blog do Lúcio Ribeiro toda semana.
Issa ê!

quinta-feira, novembro 13

Enquanto isso no Reino Unido...


Presenciamos um niilismo musical como todos estão cansados de saber. A cada semana uma nova salvação do rock, todas bandas do My Space mapeadas e a insistência de um novo salvador do rock. Poderia listar cerca de vinte bandas genéricas de Clash, Jam ou Gang of Four. Aparência limpinha, corte de cabelo estilo Paul Weller e vestimenta minimalista.
Não estou lá com muito saco para novidades. Mas não pense que não vou deixar de falar de "cópias genéricas" ou algo desse tipo, porque todo mundo gosta de uma contradição. Sim, está claro que irei falar do novo do Oasis. Não que eu esteja rotulando os mesmos de genéricos. Mas acredito naquela coisa de: “Sé é pra copiar, copie direito!”

Dig Out Your Soul não fará do Oasis a melhor banda do mundo ou uma cópia barata dos Beatles, como muitos gostam de vomitar estes clichês.
Para quem tiver curiosidade de ir atrás de pelo menos os dois primeiros álbuns da banda (os essenciais), saberá que o Oasis é um mix de quase tudo do rock britânico. Algumas vezes lembrando T-Rex, outras The Who, outrora Stone Roses e assim por diante.
Nesse sétimo álbum de estúdio, Noel assina apenas seis composições, sabe se lá por um provável bloqueio criativo ou se esteja guardando as cartas na manga para uma futura carreira solo. Porém, todas suas canções valem o álbum.
O rock vigoroso de levantar estádio continua presente neste álbum, em músicas como Bag It Up, The Turning, Waiting For The Rapture e a energética Shock Of The Lightning.
O velho tributo aos Beatles, mais uma vez presentes nas baladas I’m Outta Time (essa coposta por Liam), (Get Off Your) High Horse Lady e na psicodelia tribal de Falling Down, ambas de Noel.
To Be Where Is Life, composta pelo Guitarrista Gem Archer e a faixa de encerramento Soldier On (Liam), também nos remetem a fase psicodélica dos rapazes de Liverpool, com um ritmo cadenciado e um baixo marcante.
Falando em baixo, o baixista Andy Bell também deixa sua marca registrada por aqui. The Nature Of Reality com seu riff pegajoso e um toque de blues, é em si a representação do álbum, que de um modo geral mescla psicodelia e pulsantes guitarras.

Certa vez, Damon Albarn disse que o Oasis deveria ir a Índia para expandir seu horizonte musical, assim como os Beatles fizeram.
Certamente os Gallaghers não foram (imagine que engraçado esses irlandeses beberrões na Índia), mas desde o álbum anterior, as coisas têm funcionado para os Irmãos Gallaghers e C&A que fizeram um álbum no mínimo interessante.





A bela capa do projeto paralelo do líder do Arctic Monkeys Alex Turner e seu camarada Miles Kanes (The Rascals) batizado de The Last Shadow Puppets, é o indicador de um álbum que vai além do frenesi indie rock que tanto "bomba" no Reino Unido ultimamente.
The Age Of The Understatement, carrega influências assumidas de Scott Walker, David Bowie e Jarvis Cocker. O álbum segue um conceito retro e de um pop bem elaborado com arranjos de encher os olhos.
Particularmente, desde o The Coral que não aparecia algo no Reino Unido com uma considerável riqueza músical. Alex e Miles, transformam o rock próximo a música barroca e lírica.
Destaques para faixas como Standing Next To Me, The Chamber, Black Pant, e outras canções onde reinam belos ritmos orquestrados com guitarras limpas e climas voluptuosos de psicodelia.

Aguardaremos por proximas novidades.


sábado, novembro 1

Ensaio sobre a cegueira


Vendo um pôster do novo trabalho do diretor Fernando Meirelles, contando com participações de peso como Mark Ruffalo, Julianne Moore, Dannny Glover e Gael García Bernal, são o suficiente para chamar a atenção de qualquer pessoa. Não só estrelas internacionais, como muitos atores brasileiros, entre eles Alice Braga (Cidade de Deus, A Via Láctea), podendo se tornar quem sabe uma queridinha de Meirelles.

Adaptado do livro do escritor português José Saramago, "Ensaio sobre a cegueira" (homônimo do livro) fala sobre uma epidemia de cegueira que inexplicavelmente contagia a população de uma grande metrópole.

Rodado em três cidades diferentes ( São Paulo, Montevidéu e Toronto), o filme revela o horror do que pode ser uma cegueira generalizada, contribuindo assim para um cenário apocalíptico.
Uma das exigências do escritor José Saramago, foi que nenhuma cidade e país fossem especificamente citados (sem falar que os personagens não possuem nome algum). Desta maneira, não se espante com pessoas falando em inglês no horário do rush em plena Avenida Paulista.
A temática ora fantasiosa e irreal, é interpretada em entrelinhas como uma critica ao egoísmo e indiferença. A hipérbole de um mundo cego, demonstra o comportamento primitivo e repulsivo que o ser humano pode adotar.
A esposa do médico (Julianne Moore) é o contraponto dessa questão. A única que não é contagiada pela cegueira, ela guia e presta ajuda a todos os contaminados em sua volta (inclusive a de seu marido, Mark Ruffalo) se submetendo a cuidar deles dentro de um hospício, para onde os cegos são levados e isolados numa quarentena.

O espírito humanitário da esposa, é a idéia oposta no filme que aborda tirania, indignidade e maldade de alguns personagens. O conflito entre o bom contra o mal é exposto quando nos indagamos o porquê da esposa ser a única não contagiada pela epidemia.

A direção de Meirelles se mostra impecável. Explorando bem a temática tensa, violenta, escatológica e com uma pitada de humor negro que são características do diretor, assim como os nuances de filmagem, gerando um conflito hipnótico e assustador diante da platéia.
Fico aqui me segurando para não contar detalhes sobre o final do filme. Digo que é algo espiritual, principalmente para quem leu o livro antes de ver o filme (o que infelizmente não foi o meu caso)
Segue abaixo um vídeo com Fernando Meirelles e José Saramago assistindo ao final do filme.


sábado, agosto 23

Rapidinhas Satisfatórias



Os Escoceses do The Fratellis estão de volta com seu segundo álbum chamado Here We Stand. Guitarras nervosas e pesadas substituem o temático country e ligeiro de seu álbum de estréia. Músicas como Lupe Brown, Acid Jazz Singer e Look Out the Sunshine encarnam um espirito brit-rock e sessentista, sem perder a essência frenética com que o Fratellis veio ao mundo.


Here We Stand tem um toque típico de maturidade de segundo álbum, mas faixas como My Friend John, Mistress Mabel e Tell Me a Lie nos trazem de volta para o debut Costello Music.


A melancólica Milk & Honey fecha o álbum com uma estranha quebrada de ritmo e um piano a lá John Lennon.


O Fratellis chega ao segundo álbum sem deixar de lado a irreverência com que tinha nos apresentado antes. Se duvidar, ouça A Heady Tale e tente ficar estático!



Saindo do Reino Unido e indo para a Oceânia, os australianos do The Vines dão mais um alô para dizerem que estão vivos. Craig Nicholls e C&A estão de volta com Melodia, o quarto trabalho do grupo.


Decepção para quem esperava algo novo e edificante. Melodia é praticamente igual a seu antecessor Vision Valley, como se fosse assim uma versão melhorada do último. A objetividade é conseguida com mais êxito por aqui. O mesmo Vines de sempre.

Destaque para as músicas pop ( Autumn Shade III, True As The Night, A Girl I Knew) que vêem evoluindo a cada álbum. A tão elogiada selvageria do primeiro disco, continua magrinha, por mais que você possa berrar junto com Craig em faixas como Braindead, Merrygoround e Scream.


Para quem quer aquele Vines dos tempos de Highly Evolved, terá que esperar o próximo álbum. Ou não.

sábado, junho 14

Consoladores da Solidão


Há essas alturas do campeonato, sabemos que Jack White é um dos ícones de sua geração. Boa aparência, belas mulheres e belos riffs. Aquela típica alma inquieta que respira música.

A síndrome do segundo álbum sempre assombrou muita gente. Mas como Jack White iria se abalar com isso?
O The Raconteurs é uma banda recente, porém com espírito de músicos veteranos. A inspiração de Jack White e C&A é catalisada no segundo trabalho do Raconteurs chamado Consolers of The Lonely.
Como o seu antecessor (Broken Boy Soldiers), as influências de blues são bem exploradas aqui, assim como o pop britânico, vide faixas como Top Yourself e You Don’t Understand Me.

O experimentalismo e psicodelia, são deixados um pouco de lado e transformados em algo mais elaborado com influência de rock latino, como na grandiosa The Switch and Spur. Músicas com trompetes e outros metais que nos fazem lembrar trilhas sonoras dos filmes do Quentin Tarantino (comparação meio clichê, mas qualquer coisa que tenha aquele toque hispânico sempre nos remete a filmes do cara). Consolers of The Lonley possui mais peso que seu antecessor, com claras influências de hard-rock setentista (Salute Your Solution e Five to Five), soando renovado mas não inovador.
Essa pitada hard-rock sempre esteve infiltrada nos trabalhos do White Stripes, mas devido á rusticidade da banda, tudo sempre soou punk.
No Raconteurs, White tem músicos melhores, e exatamente por isso o som acaba ficando mais lapidado. Simplicidade e excentricidade que eram mais comuns no WS, ganham mais rigor no Raconteurs.

Cada vez mais explorando seu lado clássico como compositor, o amadurecimento musical de White o fez compor músicas lindas como Many Shades of Black, deixando de lado essa coisa mais alternativa e blasé (por mais que ele tenha cacife para esse tipo de atitude).
Não querendo ser injusto, também não podemos esquecer de Bredan Benson. Muitos se irritam com ele pela sua falta de culhão, mas Bredan (com a carreira solo bastante elogiada) tem funcionado muito bem ao lado de seu parceiro White.

Pull This Blanket Off é faixa mais curta do álbum com 01:59 de duração. A canção tem um clima de fim de álbum, mas ele só encerra em Carolina Drama, também uma das melhores músicas do álbum.

Consolers of The Lonely é candidato melhor álbum do ano. Pra quem esperava que o Raconteurs fosse mais um desses trabalhos paralelos sem muito brilho, fica mostrado mais uma vez que é uma banda séria que pode nos fazer não só mencionar White Stripes quando no futuro nos lembrarmos de Jack White.

domingo, abril 13

Get Awkward


Banda de Nashville, o Be Your Own Pet chamou atenção da cena indie norte-americana com seu debut homônimo de 2006. Lançado recentemente, seu sucessor Get Awkward, não sofre muitas mudanças, se é que alguém esperava algo mais maduro nesse segundo álbum.


A maior parte do álbum, se situa em histórias colegiais (cantados pela ninfa Jemina Pearl, que é comparada a Karen O por sua postura sexy e selvagem no palco). Becky é uma delas. Uma alegre canção com a vibração sessentista que fala de brigas com facas depois da aula. Food Fight não deixa a desejar quando se trata de tosquice punk americana. A temática é bem explorada musicalmente pelo som riot e berros guturais.
O rápido riff de Black Hole, abre espaço para Jemina cantar sobre quebrar a monotonia em alguma cidade decadente. The Kelly Affair, Heart Throb e Creepy Crawl, seguem a mesma linha de punk pop minimalista.
A parte mais visceral, fica por conta de Super Soaked, Blow Yr Mind e What’s Your Damage.

Get Awkward é um bom álbum diante daquilo que a banda se propõe a fazer. O que é divertido e irreverente, pode ser transformado no futuro em algo mais interessante., levando em consideração que ainda é uma banda jovem.