quinta-feira, novembro 13

Enquanto isso no Reino Unido...


Presenciamos um niilismo musical como todos estão cansados de saber. A cada semana uma nova salvação do rock, todas bandas do My Space mapeadas e a insistência de um novo salvador do rock. Poderia listar cerca de vinte bandas genéricas de Clash, Jam ou Gang of Four. Aparência limpinha, corte de cabelo estilo Paul Weller e vestimenta minimalista.
Não estou lá com muito saco para novidades. Mas não pense que não vou deixar de falar de "cópias genéricas" ou algo desse tipo, porque todo mundo gosta de uma contradição. Sim, está claro que irei falar do novo do Oasis. Não que eu esteja rotulando os mesmos de genéricos. Mas acredito naquela coisa de: “Sé é pra copiar, copie direito!”

Dig Out Your Soul não fará do Oasis a melhor banda do mundo ou uma cópia barata dos Beatles, como muitos gostam de vomitar estes clichês.
Para quem tiver curiosidade de ir atrás de pelo menos os dois primeiros álbuns da banda (os essenciais), saberá que o Oasis é um mix de quase tudo do rock britânico. Algumas vezes lembrando T-Rex, outras The Who, outrora Stone Roses e assim por diante.
Nesse sétimo álbum de estúdio, Noel assina apenas seis composições, sabe se lá por um provável bloqueio criativo ou se esteja guardando as cartas na manga para uma futura carreira solo. Porém, todas suas canções valem o álbum.
O rock vigoroso de levantar estádio continua presente neste álbum, em músicas como Bag It Up, The Turning, Waiting For The Rapture e a energética Shock Of The Lightning.
O velho tributo aos Beatles, mais uma vez presentes nas baladas I’m Outta Time (essa coposta por Liam), (Get Off Your) High Horse Lady e na psicodelia tribal de Falling Down, ambas de Noel.
To Be Where Is Life, composta pelo Guitarrista Gem Archer e a faixa de encerramento Soldier On (Liam), também nos remetem a fase psicodélica dos rapazes de Liverpool, com um ritmo cadenciado e um baixo marcante.
Falando em baixo, o baixista Andy Bell também deixa sua marca registrada por aqui. The Nature Of Reality com seu riff pegajoso e um toque de blues, é em si a representação do álbum, que de um modo geral mescla psicodelia e pulsantes guitarras.

Certa vez, Damon Albarn disse que o Oasis deveria ir a Índia para expandir seu horizonte musical, assim como os Beatles fizeram.
Certamente os Gallaghers não foram (imagine que engraçado esses irlandeses beberrões na Índia), mas desde o álbum anterior, as coisas têm funcionado para os Irmãos Gallaghers e C&A que fizeram um álbum no mínimo interessante.





A bela capa do projeto paralelo do líder do Arctic Monkeys Alex Turner e seu camarada Miles Kanes (The Rascals) batizado de The Last Shadow Puppets, é o indicador de um álbum que vai além do frenesi indie rock que tanto "bomba" no Reino Unido ultimamente.
The Age Of The Understatement, carrega influências assumidas de Scott Walker, David Bowie e Jarvis Cocker. O álbum segue um conceito retro e de um pop bem elaborado com arranjos de encher os olhos.
Particularmente, desde o The Coral que não aparecia algo no Reino Unido com uma considerável riqueza músical. Alex e Miles, transformam o rock próximo a música barroca e lírica.
Destaques para faixas como Standing Next To Me, The Chamber, Black Pant, e outras canções onde reinam belos ritmos orquestrados com guitarras limpas e climas voluptuosos de psicodelia.

Aguardaremos por proximas novidades.


sábado, novembro 1

Ensaio sobre a cegueira


Vendo um pôster do novo trabalho do diretor Fernando Meirelles, contando com participações de peso como Mark Ruffalo, Julianne Moore, Dannny Glover e Gael García Bernal, são o suficiente para chamar a atenção de qualquer pessoa. Não só estrelas internacionais, como muitos atores brasileiros, entre eles Alice Braga (Cidade de Deus, A Via Láctea), podendo se tornar quem sabe uma queridinha de Meirelles.

Adaptado do livro do escritor português José Saramago, "Ensaio sobre a cegueira" (homônimo do livro) fala sobre uma epidemia de cegueira que inexplicavelmente contagia a população de uma grande metrópole.

Rodado em três cidades diferentes ( São Paulo, Montevidéu e Toronto), o filme revela o horror do que pode ser uma cegueira generalizada, contribuindo assim para um cenário apocalíptico.
Uma das exigências do escritor José Saramago, foi que nenhuma cidade e país fossem especificamente citados (sem falar que os personagens não possuem nome algum). Desta maneira, não se espante com pessoas falando em inglês no horário do rush em plena Avenida Paulista.
A temática ora fantasiosa e irreal, é interpretada em entrelinhas como uma critica ao egoísmo e indiferença. A hipérbole de um mundo cego, demonstra o comportamento primitivo e repulsivo que o ser humano pode adotar.
A esposa do médico (Julianne Moore) é o contraponto dessa questão. A única que não é contagiada pela cegueira, ela guia e presta ajuda a todos os contaminados em sua volta (inclusive a de seu marido, Mark Ruffalo) se submetendo a cuidar deles dentro de um hospício, para onde os cegos são levados e isolados numa quarentena.

O espírito humanitário da esposa, é a idéia oposta no filme que aborda tirania, indignidade e maldade de alguns personagens. O conflito entre o bom contra o mal é exposto quando nos indagamos o porquê da esposa ser a única não contagiada pela epidemia.

A direção de Meirelles se mostra impecável. Explorando bem a temática tensa, violenta, escatológica e com uma pitada de humor negro que são características do diretor, assim como os nuances de filmagem, gerando um conflito hipnótico e assustador diante da platéia.
Fico aqui me segurando para não contar detalhes sobre o final do filme. Digo que é algo espiritual, principalmente para quem leu o livro antes de ver o filme (o que infelizmente não foi o meu caso)
Segue abaixo um vídeo com Fernando Meirelles e José Saramago assistindo ao final do filme.