sábado, novembro 1

Ensaio sobre a cegueira


Vendo um pôster do novo trabalho do diretor Fernando Meirelles, contando com participações de peso como Mark Ruffalo, Julianne Moore, Dannny Glover e Gael García Bernal, são o suficiente para chamar a atenção de qualquer pessoa. Não só estrelas internacionais, como muitos atores brasileiros, entre eles Alice Braga (Cidade de Deus, A Via Láctea), podendo se tornar quem sabe uma queridinha de Meirelles.

Adaptado do livro do escritor português José Saramago, "Ensaio sobre a cegueira" (homônimo do livro) fala sobre uma epidemia de cegueira que inexplicavelmente contagia a população de uma grande metrópole.

Rodado em três cidades diferentes ( São Paulo, Montevidéu e Toronto), o filme revela o horror do que pode ser uma cegueira generalizada, contribuindo assim para um cenário apocalíptico.
Uma das exigências do escritor José Saramago, foi que nenhuma cidade e país fossem especificamente citados (sem falar que os personagens não possuem nome algum). Desta maneira, não se espante com pessoas falando em inglês no horário do rush em plena Avenida Paulista.
A temática ora fantasiosa e irreal, é interpretada em entrelinhas como uma critica ao egoísmo e indiferença. A hipérbole de um mundo cego, demonstra o comportamento primitivo e repulsivo que o ser humano pode adotar.
A esposa do médico (Julianne Moore) é o contraponto dessa questão. A única que não é contagiada pela cegueira, ela guia e presta ajuda a todos os contaminados em sua volta (inclusive a de seu marido, Mark Ruffalo) se submetendo a cuidar deles dentro de um hospício, para onde os cegos são levados e isolados numa quarentena.

O espírito humanitário da esposa, é a idéia oposta no filme que aborda tirania, indignidade e maldade de alguns personagens. O conflito entre o bom contra o mal é exposto quando nos indagamos o porquê da esposa ser a única não contagiada pela epidemia.

A direção de Meirelles se mostra impecável. Explorando bem a temática tensa, violenta, escatológica e com uma pitada de humor negro que são características do diretor, assim como os nuances de filmagem, gerando um conflito hipnótico e assustador diante da platéia.
Fico aqui me segurando para não contar detalhes sobre o final do filme. Digo que é algo espiritual, principalmente para quem leu o livro antes de ver o filme (o que infelizmente não foi o meu caso)
Segue abaixo um vídeo com Fernando Meirelles e José Saramago assistindo ao final do filme.


Um comentário:

Zé Marques disse...

O filme é mesmo muito bom - mas o livro é extraordinário. Leia, vale a pena, a parte final do filme é bem suprimida em relação ao livro.